segunda-feira, 3 de novembro de 2008




E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José ?
e agora, você ?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José ?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José ?

E agora, José ?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora ?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora ?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José !

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José !
José, pra onde ?

sábado, 14 de junho de 2008


É tão difícil assim?

Confusão, confusão, confusão.

Águas paradas, calmas,

Mente demente

Desespero

Morte, vida, gritos.

Falas, lágrimas

Volume irresistível

Vozes, olhos, pessoas.

Muitas pessoas

Nostalgia aflita

Machucados abertos

Olhos fechados

Mãos cerradas

Intocável,

Completamente,

Morta de vontade

Entocada,

Escondida...

Melodias secretas

Ecoam famintas

Querendo ser ouvidas

Sem som nenhum

Vontade reprimida

Prisão de alma

Liberdade, liberdade

Liberdade chora

Implora para ser liberta

Quero falar

Quero gritar

Quero chorar

Quero morrer

Quero viver

Quero correr

Quero andar

Quero sonhar

Quero ser ouvida

Mas minha voz

Inaudível

Inaudível...

Sem ouvidos, olhos...

Sem olfato ou paladar...

Não consigo tocar...

Nuvens de lágrimas,

Ar que respiro,

Vento que vai e vem

Traz o ar de volta,

não mais meu...

Imagem invisível

Que meus olhos vêem

E não suporto

Ter que ver,

Ter que ver

Até quando?

Até quando

Iremos acreditar

No que não existe mais?

Cor não existe mais;

Nosso mundo é preto e branco

Cada vez mais dessaturado.

Cadê?

Cadê as árvores, as flores,

Os parques com crianças nos balanços?

Cadê?

Cadê você

Que todo dia vinha ao meu encontro?

Preciso falar,

Tenho que dizer...

É tão difícil assim?

Não posso fugir,

Nem me esconder

Mas vou cair

Ardendo em chamas.

Meu espírito,

Minha dor,

E aquela cor?

Cadê?

É tão difícil assim?

domingo, 8 de junho de 2008


O tal do Orkut, está acabando com a vida social das pessoas. Muitas deixam de sair, se encontrar com amigos, ir até a casa de familiares, porque sabem que é só pôr os dedinhos no teclado e dar uns cliques no mouse... e pronto; deixar um recadinho aqui, outro ali, só pra fingir que não esqueceu de ninguém.

Mas na verdade, é tudo mensagem automática.
O ministério da saúde adverte: Passar horas na frente de um monitor, pode causar-lhe certa deficiência visual e física: 'corcundismo'.

É o meu caso
.
Minhas costas estão doendo, e comecei a usar óculos com 12 anos de idade.